sexta-feira, dezembro 30, 2005
terça-feira, dezembro 27, 2005
sexta-feira, dezembro 23, 2005
A veia do Poeta
Cansado do movimento
Que percorre a linha recta
Fui ficando mais atento
Ao voo da borboleta
Fui subindo em espiral
Declarando-me estafeta
Entre o corpo do real
E a veia do poeta
Mas ela não se detecta
À vista desarmada
E o sangue que lá corre
Em torrente delicada
É a lágrima perpétua
Sai da ponta da caneta
Vai ao fim da via láctea
E cai no fundo da gaveta
Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
Numa folha secreta
Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
No fundo de uma gaveta
Ai de quem nunca injectou
Um pouco da sua mágoa
Na veia do poeta.
Carlos Tê/Rui Veloso
quinta-feira, dezembro 15, 2005
A Ana quer
nunca ter saído
da barriga da mãe.
Cá fora está-se bem,
mas na barriga também
era divertido.
O coração ali à mão,
os pulmões ali ao pé,
ver como a mãe é
do lado que não se vê.
O que a Ana quer ser
quando for grande e crescer
é ser outra vez pequena:
não ter nada que fazer
senão ser pequena e crescer
e de vez em quando nascer
e voltar a desnascer.
Manuel António Pina
quarta-feira, dezembro 14, 2005
Quando a mulher adormeceu
naquela noite de Natal,
o homem foi, pé ante pé,
pôr um sapato (dela, não seu)
com um embrulho de jornal
na lareirinha da chaminé.
Um casal pobre...um ano mau...
Era um pedaço de bacalhau.
Ora alta noite, pela janela,
com fome e frio, entrou um gato
que, no escuro, cheirando aquela
comida boa no sapato,
rasgou o embrulho, comeu, comeu
e, quente e farto, adormeceu.
De manhã cedo, ela acordou,
foi à cozinha e viu o gatinho
adormecido no seu sapato.
Voltando ao quarto, feliz, falou
para o seu homem: - Meu amorzinho
como soubeste que eu queria um gato?
naquela noite de Natal,
o homem foi, pé ante pé,
pôr um sapato (dela, não seu)
com um embrulho de jornal
na lareirinha da chaminé.
Um casal pobre...um ano mau...
Era um pedaço de bacalhau.
Ora alta noite, pela janela,
com fome e frio, entrou um gato
que, no escuro, cheirando aquela
comida boa no sapato,
rasgou o embrulho, comeu, comeu
e, quente e farto, adormeceu.
De manhã cedo, ela acordou,
foi à cozinha e viu o gatinho
adormecido no seu sapato.
Voltando ao quarto, feliz, falou
para o seu homem: - Meu amorzinho
como soubeste que eu queria um gato?
quinta-feira, dezembro 08, 2005
Era uma vez eu que ia de manhã para o trabalho a pensar nisto e apareceu-me um hipopótamo enorme pela frente. Até me assustei.
- Desculpe incomodar - disse ele - mas ouvi dizer que anda a escrever uma história sobre bichos...
- Pois sim, mas são só histórias de bichos pequenos.
- Eu sei, mas olhe que eu ando a fazer dieta. Já emagreci 2Kg. Espere mais uns dias e vai ver se me conhece.
Eu esperei quanto pude. Nessa altura já tinha emagrecido 3Kg e 450g, mas era ainda muito grande, muito gordo.
Bom, a verdade é que eu lhe prometi que pelo menos um desenho dele viria aqui no livro e promessas são para se cumprir. Se acharem que ele é realmente muito grande, experimentem olhar para ele com uns binóculos virados ao contrário ou então pensem que há ainda bichos maiores (há, não há? Ele disse-me que, uma vez, viu outro hipopótamo ainda maior do que ele. Eu acredito! E as baleias? São enormes! Fazem com que qualquer hipopótamo se sinta insignificante).
E façam-me um favor: se o encontrarem por aí, digam de maneira que ele ouça "olha que formiga tão grande". Ele merece, é tão simpático. Ainda ontem me cedeu o lugar dele no autocarro.
Álvaro Magalhães, Histórias Pequenas de Bichos Pequenos
terça-feira, dezembro 06, 2005
Amanhã
Vai nascer um SOL maduro
por cima do meu telhado
de menino rico com tudo,
Amanhã
Vai nascer um SOL maduro
por cima de capim pobre
dos meninos pobres sem nada.
Depois,
amanhã,
(naquele dia de SOL maduro
como goiaba que o morcego quer morder)
o menino rico que mora dentro de mim
mais todos os meninos pobres
que moram dentro do mundo
vamos fazer uma roda grande
e brincar novamente
as brincadeiras de antigamente.
segunda-feira, dezembro 05, 2005
Uma professora mandou um dia aos seus alunos que fizessem uma composição plástica sobre o Natal. Não falou assim, claro. Disse uma frase como esta: "Façam um desenho sobre o Natal. Usem lápis de cores, ou aguarelas, ou papel de lustro, o que quiserem. E tragam na segunda-feira." Assim ou não assim, os alunos fizeram o trabalho. Apareceu tudo quanto é costume aparecer nestes casos: o presépio, os Reis Magos, os pastores, S.José, a Virgem e o Menino Jesus. Mal feitos, bem feitos, toscos ou apuradinhos, os desenhos caíram na segunda-feira em cima da secretária da professora. Ali mesmo ela os viu e apreciou. Ia marcando "bom", "mau", "suficiente", enfim, os transes por que todos nós passamos. De repente...
Ah, mas é preciso muito cuidado com as crianças! A professora segura um desenho nas mãos, e esse desenho não é melhor nem pior que os outros. Mas ela tem os olhos fixos, está perturbada; o desenho mostra o inevitável presépio, a vaca e o burrinho, e toda a restante figuração. Sobre esta cena sem mistério cai a neve, e esta neve é preta. Porquê?
"Porquê?", pergunta a professora, em voz alta, à criança.
O rapazinho não responde. Talvez mais nervosa do que quer mostrar, a professora insiste. Há na sala os cruéis risos e murmúrios de rigor nestas situações. A criança está de pé, muito séria, um pouco trémula. E, por fim, responde: "Fiz a neve preta porque foi nesse Natal que a minha mãe morreu."
Daqui a um mês chegaremos à Lua. Mas quando e como chegaremos nós ao espírito de uma criança que pinta a neve preta porque a mãe lhe morreu?
Ah, mas é preciso muito cuidado com as crianças! A professora segura um desenho nas mãos, e esse desenho não é melhor nem pior que os outros. Mas ela tem os olhos fixos, está perturbada; o desenho mostra o inevitável presépio, a vaca e o burrinho, e toda a restante figuração. Sobre esta cena sem mistério cai a neve, e esta neve é preta. Porquê?
"Porquê?", pergunta a professora, em voz alta, à criança.
O rapazinho não responde. Talvez mais nervosa do que quer mostrar, a professora insiste. Há na sala os cruéis risos e murmúrios de rigor nestas situações. A criança está de pé, muito séria, um pouco trémula. E, por fim, responde: "Fiz a neve preta porque foi nesse Natal que a minha mãe morreu."
Daqui a um mês chegaremos à Lua. Mas quando e como chegaremos nós ao espírito de uma criança que pinta a neve preta porque a mãe lhe morreu?
José Saramago
domingo, dezembro 04, 2005
Entra.
Elegante, nada convencional.
Folheia o jornal
Alheadamente!
Notícias do dia
Que aborrecimento!
Compõe a gravata
Olha-se ao espelho
Vaidosamente!
Acaricia o bigode
Ridiculamente!
Dá um jeito ao fato
Levam-lhe um "cimbalino"
Paga com gorjeta
Superiormente!
Demora-se na página
do Desporto.
Isso sim.
Interessa, entusiasma
espicaça
A mente!
O resto, para quê
pensar?
Lixo nuclear na
nossa terra?
Deixa-me rir.
Sai desatento.
Indiferentemente!
Ana Maria Magalhães
Elegante, nada convencional.
Folheia o jornal
Alheadamente!
Notícias do dia
Que aborrecimento!
Compõe a gravata
Olha-se ao espelho
Vaidosamente!
Acaricia o bigode
Ridiculamente!
Dá um jeito ao fato
Levam-lhe um "cimbalino"
Paga com gorjeta
Superiormente!
Demora-se na página
do Desporto.
Isso sim.
Interessa, entusiasma
espicaça
A mente!
O resto, para quê
pensar?
Lixo nuclear na
nossa terra?
Deixa-me rir.
Sai desatento.
Indiferentemente!
Ana Maria Magalhães
Eu só tinha pai, que pouco a pouco se ia desinteressando de mim. O resto da gente da casa eram mulheres más e vaidosas. Umas intrusas!
O meu tempo corria como o tempo corre...ao acaso. Nada me pertencia já. Bastarda a casa, bastardos os ares respirados nela. Quantos anos teria então? Doze, treze, catorze. Até o gosto de vestir perdi porque tudo me retiravam; de vestir e de andar limpa e bem pregada. Só a imaginação me sustinha. A imaginação, digo: isto que aos jovens compensa de muita faltas, da ternura, das satisfações, dos desejos realizáveis, de pequenas e de grandes coisas.
Com essa imaginação, que nínguém me podia roubar, eu via fantásticas coisas e amava outras não menos fantásticas, inatingíveis: as estrelas, os rouxinóis, os heróis das lendas, a água...
Amava-os, perseguia-os de sonhos e de pequenas efabulações.
À noite, noites quentes e noites frias, tinha muitos delíquios sentimentais: considerava a lua uma maravilha mortal, maravilha inigualável, e deixava-me gelar de olhos fitos nela.
De dia corria as bordas da ribeira a ver pássaros, os saltinhos da água e a descobrir flores. Dessa idade me ficou a ideia da nobreza das violetas silvestres e da fragrância dos junquilhos.
A gente do campo, mulheres e homens, que me sabiam desprezada, tinham certo respeito pela minha pessoa, espreitavam-me sem me insultar.
Assim, neste viver, eu compunha, ideava histórias, coisas...
O meu tempo corria como o tempo corre...ao acaso. Nada me pertencia já. Bastarda a casa, bastardos os ares respirados nela. Quantos anos teria então? Doze, treze, catorze. Até o gosto de vestir perdi porque tudo me retiravam; de vestir e de andar limpa e bem pregada. Só a imaginação me sustinha. A imaginação, digo: isto que aos jovens compensa de muita faltas, da ternura, das satisfações, dos desejos realizáveis, de pequenas e de grandes coisas.
Com essa imaginação, que nínguém me podia roubar, eu via fantásticas coisas e amava outras não menos fantásticas, inatingíveis: as estrelas, os rouxinóis, os heróis das lendas, a água...
Amava-os, perseguia-os de sonhos e de pequenas efabulações.
À noite, noites quentes e noites frias, tinha muitos delíquios sentimentais: considerava a lua uma maravilha mortal, maravilha inigualável, e deixava-me gelar de olhos fitos nela.
De dia corria as bordas da ribeira a ver pássaros, os saltinhos da água e a descobrir flores. Dessa idade me ficou a ideia da nobreza das violetas silvestres e da fragrância dos junquilhos.
A gente do campo, mulheres e homens, que me sabiam desprezada, tinham certo respeito pela minha pessoa, espreitavam-me sem me insultar.
Assim, neste viver, eu compunha, ideava histórias, coisas...
Irene Lisboa
sábado, dezembro 03, 2005
sexta-feira, dezembro 02, 2005
Do seu longínquo reino cor-de-rosa,
Voando pela noite silenciosa,
A fada das crianças vem, luzindo.
Papoulas a coroam, e, cobrindo
Seu corpo todo, a tornam misteriosa.
À criança que dorme chega leve,
E, pondo-lhe na fronte a mão de neve,
Os seus cabelos de ouro acaricia -
E sonhos lindos, como ninguém teve,
A sentir a criança principia.
E todos os brinquedos se transformam
Em coisas vivas, e um cortejo formam:
Cavalos e soldados e bonecas,
Ursos e pretos, que vêm, vão e tornam,
E palhaços que tocam em rabecas...
E há figuras pequenas e engraçadas
Que brincam e dão saltos e passadas...
Mas vem o dia, e, leve e graciosa,
Pé ante pé, volta a melhor das fadas
Ao seu longínquo reino cor-de-rosa.
Fernando Pessoa, Poesias Inéditas
Voando pela noite silenciosa,
A fada das crianças vem, luzindo.
Papoulas a coroam, e, cobrindo
Seu corpo todo, a tornam misteriosa.
À criança que dorme chega leve,
E, pondo-lhe na fronte a mão de neve,
Os seus cabelos de ouro acaricia -
E sonhos lindos, como ninguém teve,
A sentir a criança principia.
E todos os brinquedos se transformam
Em coisas vivas, e um cortejo formam:
Cavalos e soldados e bonecas,
Ursos e pretos, que vêm, vão e tornam,
E palhaços que tocam em rabecas...
E há figuras pequenas e engraçadas
Que brincam e dão saltos e passadas...
Mas vem o dia, e, leve e graciosa,
Pé ante pé, volta a melhor das fadas
Ao seu longínquo reino cor-de-rosa.
Fernando Pessoa, Poesias Inéditas
terça-feira, novembro 22, 2005
O seu nome era Ana. Olhos de safira e lábios de romã. Boca de sorriso. Quase sempre silenciosa. "Porque estás tão calada, Ana?". Ana não respondia, mas sabia. Vivia numa rua escura, sem árvores. Estreitas casas em milagroso equilíbrio. Sombrias fachadas de granito sujo. Portas de madeira carcomida. Imundas soleiras, onde, à tardinha, as mulheres costumavam sentar-se. Nalgumas varandas, roupa esvoaçante entre gaiolas com cánarios e pintassilgos; mas o seu canto não chegava para alegrar a rua. E também magras sardinheiras de folhas desbotadas.
Na casa onde Ana morava, nunca batia o sol. Defronte, porém, os vidros das janelas espelhavam a luz do entardecer. Ana gozava sempre com surpresa esta pequena maravilha. Gostava de imaginar tudo o que estava ausente: as árvores, o sol, o mar, os campos. Às vezes sonhava com as coisas que mais amava. E, no dia seguinte, ficava a lembrar os sonhos como quem separa e saboreia os gomos de uma laranja doce e sumarenta...
...E por isso lhe ralhavam: porque ela era estranha e distante - e não parecia alegrar-se muito com as brincadeiras próprias da sua idade!
A escola não era distante de casa. Chegava-se lá por caminhos tortuosos e vielas. Era um velho edifício encardido e frio, entranhado de sombra e humidade. Ana não gostava daquela escola. Os melhores momentos do dia eram os do regresso a casa, pelo caminho mais longo: o do mirante, de onde contemplava o rio, cobra de prata que, sinuosa, se perdia nos longes do horizonte. Ana aprendera a defender-se do que a entrestecia e a escapulir-se da realidade baça dos dias. Refugiava-se no sonho, que acabava por ser a sua realidade...
Na casa onde Ana morava, nunca batia o sol. Defronte, porém, os vidros das janelas espelhavam a luz do entardecer. Ana gozava sempre com surpresa esta pequena maravilha. Gostava de imaginar tudo o que estava ausente: as árvores, o sol, o mar, os campos. Às vezes sonhava com as coisas que mais amava. E, no dia seguinte, ficava a lembrar os sonhos como quem separa e saboreia os gomos de uma laranja doce e sumarenta...
...E por isso lhe ralhavam: porque ela era estranha e distante - e não parecia alegrar-se muito com as brincadeiras próprias da sua idade!
A escola não era distante de casa. Chegava-se lá por caminhos tortuosos e vielas. Era um velho edifício encardido e frio, entranhado de sombra e humidade. Ana não gostava daquela escola. Os melhores momentos do dia eram os do regresso a casa, pelo caminho mais longo: o do mirante, de onde contemplava o rio, cobra de prata que, sinuosa, se perdia nos longes do horizonte. Ana aprendera a defender-se do que a entrestecia e a escapulir-se da realidade baça dos dias. Refugiava-se no sonho, que acabava por ser a sua realidade...
segunda-feira, novembro 21, 2005
" Por um momento tire a cabeça debaixo da areia e pergunte a si próprio se iria fumar mais um cigarro, caso tivesse a certeza de que esse seria o que iria desencadear o cancro no seu corpo. Esqueça a doença (é díficil imaginá-la), mas imagine que vai ter de ir ao Royal Marsden para fazer aqueles tratamentos horríveis - radioteraoia, etc. Agora já não está a planear o resto da sua vida. Está a planear a sua morte. O que vai acontecer à sua família e aos seus entes queridos, aos seus planos e sonhos?
Muitas vezes vejo as pessoas a quem isso acontece. Elas também não pensaram que lhes acontecesse, e o pior não é a doença, mas o conhecimento que tiveram de si próprios. Nós, os fumadores, passamos toda a nossa vida a dizer: "Vou deixar de fumar amanhã." Tente imaginar como é que essas pessoas se sentem por serem quem "carregou no botão". Para elas a lavagem ao cérebro acabou. Elas vêem então o "hábito" como ele realmente é e passam o resto das suas vidas a pensar: "Porque me estive a enganar e me convenci de que precisava de fumar? Se ao menos tivesse a hipótese de voltar atrás!""
Allen Carr
Muitas vezes vejo as pessoas a quem isso acontece. Elas também não pensaram que lhes acontecesse, e o pior não é a doença, mas o conhecimento que tiveram de si próprios. Nós, os fumadores, passamos toda a nossa vida a dizer: "Vou deixar de fumar amanhã." Tente imaginar como é que essas pessoas se sentem por serem quem "carregou no botão". Para elas a lavagem ao cérebro acabou. Elas vêem então o "hábito" como ele realmente é e passam o resto das suas vidas a pensar: "Porque me estive a enganar e me convenci de que precisava de fumar? Se ao menos tivesse a hipótese de voltar atrás!""
Allen Carr
domingo, novembro 20, 2005
"Numa noite de janeiro de 1917, cinco soldados condenados à morte em conselho de guerra são lançados, de mãos amarradas atrás das costas, diante das trincheiras inimigas. O mais novo não tem mais de vinte anos e deixa atrás de si uma jovem noiva e um amor interrompido.
Chegada a paz, Mathilde quer saber a verdade sobre esta ignomínia e descobrir o que realmente aconteceu àquele a quem continua ligada pelos laços de um longo e trágico noivado.
Com mais intensidade do que nunca, Sébastiaen Japrisot oferece-nos nesta história de paixão e mistério o virtuosismo e a magia da sua escrita. A mulher obstinada e frágil, envolvente e subtil, que aqui se encontra na figura de Mathilde, figurará certamente entre as heroínas mais memoráveis do universo romanesco moderno."
Alguém
sábado, novembro 19, 2005
"Esta noite o vento ceifa os bosques e
uma raiva sacode a terra. Se a voz
do mar chamasse pelas velas, os estreitos
aguardariam um naufrágio. E se dissesses
o meu nome eu morreria de amor.
Devo, por isso, afastar-me de ti - não
por ter medo de morrer (que é de já não
o ter que tenho medo), mas porque a chuva
que devora as esquinas é a única canção
que se ouve esta noite sobre o teu silêncio."
Maria do Rosário Pedreira
quarta-feira, novembro 09, 2005
O Outono
O fim do verão. O fim de um período de grande actividade. O baixar de braços para repousar. O frio, a vontade de um banho quente. O abrandar para reflectir. A preparação para o renascimento. O vento frio que nos faz encolher. O abraço que nos aquece. O chão coberto de cores que outrora foram quentes.
A noite que aparece mais cedo. O sol que enfraquece à medida que os dias passam. O conforto de uma camisola grossa e quente. O pôr de Sol gelado. A vontade de ficar por casa. O estar à janela a ver a chuva cair. O conhecer o novo e acolhedor.
Alguém
segunda-feira, novembro 07, 2005
Acorda, Menina Linda
Acorda, menina linda
vem oferecer
o teu sorriso ao dia
que acabou de nascer
Anda ver que lindo presente
A aurora trouxe para te prendar
Uma coroa de brilhantes para iluminar
O teu cabelo revolto como o mar
Acorda, menina linda
Anda brincar
Que o sol está lá fora à espera de te ouvir cantar
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
que acabou de nascer
Porque terras de sonho andaste
Que Mundo te recebeu
Que Monstro te meteu medo
Que Anjo te protegeu
Quem foi o menino que o teu coração prendeu?
Acorda, menina linda
Anda brincar
Que 0 sol está lá fora à espera de te ouvir cantar
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer
Anda ver o gato vadio
À caça do pássaro cantor
Vem respirar o perfume
Das amendoeiras em flor
Salta da cama
Anda viver, meu amor
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer
Jorge Palma
Muito Pouco
"Pronto
Agora que voltou tudo ao normal
Talvez você consiga ser menos rei
E um pouco mais real
Esqueça
As horas nunca andam para trás
Todo o dia é dia de aprender um pouco
Do muito que a vida trás.
Mas muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louca
Não sei mais do que sou capaz
Gritando pra não ficar rouca
Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
E pouco eu não quero mais
Chega!
Não me condene pelo seu penar
Pesos e medidas não servem
Pra ninguém nos comparar
Por que
Eu não pertenço ao mesmo lugar
Em que você se afunda tão raso
Não dá nem pra tentar te salvar
...veja
A qualidade está inferior
E não é a quantidade que faz
A estrutura de um grande amor
Simplesmente seja
O que você julgar ser o melhor
Mas lembre-se que tudo que começa com muito
Pode acabar muito pior"
"Pronto
Agora que voltou tudo ao normal
Talvez você consiga ser menos rei
E um pouco mais real
Esqueça
As horas nunca andam para trás
Todo o dia é dia de aprender um pouco
Do muito que a vida trás.
Mas muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louca
Não sei mais do que sou capaz
Gritando pra não ficar rouca
Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
E pouco eu não quero mais
Chega!
Não me condene pelo seu penar
Pesos e medidas não servem
Pra ninguém nos comparar
Por que
Eu não pertenço ao mesmo lugar
Em que você se afunda tão raso
Não dá nem pra tentar te salvar
...veja
A qualidade está inferior
E não é a quantidade que faz
A estrutura de um grande amor
Simplesmente seja
O que você julgar ser o melhor
Mas lembre-se que tudo que começa com muito
Pode acabar muito pior"
Maria Rita
quinta-feira, novembro 03, 2005
"Nunca consegui encontrar o campo de travagem da tristeza. Morri muito para não morrer. Na tristeza encontro ainda o bafo reconfortante da vida. Já não sei o que é ter frio, nem calor, nem dor - mas permaneço triste, por isso existo. Preciso de trabalhar as tintas das minhas mortais tristezas para atingir uma melancolia abstracta. Preciso que essa abstracção te preencha os poros - preciso de te habitar, de te moldar, barroco coração cubista. A tristeza impede-me de acabar de morrer - toma, douta, ajusta ao teu sangue o pudor impudico do que fui. Que te lembres dos meus contornos claros, não chega - toma o lixo infantil que não te dei, as lágrimas manchadas pelas dedadas do meu coração de chocolate. Come-as, deixa-me morrer dentro de ti - deixa-me escolher morrer dentro de ti, porque só essa morte me falta."
Inês Pedrosa in Fazes-me Falta
Inês Pedrosa in Fazes-me Falta
quarta-feira, novembro 02, 2005
" Não importa o que se ama. Importa a matéria desse amor. As sucessivas camadas de vida que se atiram para dentro desse amor. As palavras são só um príncipio - nem sequer o príncipio. Porque no amor os príncipios, os meios, os fins são apenas fragmentos de uma história que continua para lá dela, antes e depois do sangue breve de uma vida. Tudo serve a essa obsessão de verdade a que chamamos amor. O sujo, a luz, o áspero, o macio, a falha, a persistência."
Inês Pedrosa in Fazes-me Falta
Inês Pedrosa in Fazes-me Falta
domingo, outubro 30, 2005
When you try your best, but you don `t succeed
When you get what you want, but no what you need,
When you feel so tired, but you can `t sleep
Stuck in reserve
When the tears come streaming down your face
When you lose something you can`t replace
When you love someone, but it goes to waste
Could it be worse?
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
And high up above or down below
When you`re too in love to let it go
If you never try, then you`ll never know
Just what you`re worth
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
Tears stream down your face
When you lose something you cannot replace
Tears stream down your face
And I...
Tears stream down your face
I promise you that I`ll learn from my mistakes
Tears stream down your face
And I...
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
When you get what you want, but no what you need,
When you feel so tired, but you can `t sleep
Stuck in reserve
When the tears come streaming down your face
When you lose something you can`t replace
When you love someone, but it goes to waste
Could it be worse?
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
And high up above or down below
When you`re too in love to let it go
If you never try, then you`ll never know
Just what you`re worth
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
Tears stream down your face
When you lose something you cannot replace
Tears stream down your face
And I...
Tears stream down your face
I promise you that I`ll learn from my mistakes
Tears stream down your face
And I...
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
sábado, outubro 22, 2005
"É preciso correr riscos, dizia ele. Só percebemos realmente o milagre da vida quando deixamos que o inesperado aconteça.
Deus dá-nos todos os dias - junto com o Sol - um momento em que é possível mudar tudo o que nos deixa infelizes. Todos os dias procuramos fingir que não nos apercebemos desse momento, que ele não existe, que hoje é igual a ontem e será igual ao amanhã.
Mas, quem presta atenção ao seu dia, descobre o instante mágico. Ele pode estar escondido na altura em que enfiamos a chave na porta, pela manhã, no instante de silêncio logo após o jantar, nas mil e uma coisas que nos parecem iguais.
Mas nesse momento existe - um momento onde toda a força das estrelas passa por nós, e que nos permite fazer milagres."
Deus dá-nos todos os dias - junto com o Sol - um momento em que é possível mudar tudo o que nos deixa infelizes. Todos os dias procuramos fingir que não nos apercebemos desse momento, que ele não existe, que hoje é igual a ontem e será igual ao amanhã.
Mas, quem presta atenção ao seu dia, descobre o instante mágico. Ele pode estar escondido na altura em que enfiamos a chave na porta, pela manhã, no instante de silêncio logo após o jantar, nas mil e uma coisas que nos parecem iguais.
Mas nesse momento existe - um momento onde toda a força das estrelas passa por nós, e que nos permite fazer milagres."
Paulo Coelho
"(...) É interessante ao Homem não gostar, temer e até criticar tudo aquilo que desconhece, por isso, transpondo os "muros" e ultrapassando as barreiras do imaginário, podemos familiarizarmo-nos com a noção e a representação que o chá tem no quotidiano do povo oriental. É imperativo conhecer o significado do conceito "caminho" para entender as múltiplas facetas de arte e as suas manifestações(...)"
sexta-feira, outubro 21, 2005
A menina dos cabelos compridos
A menina dos cabelos compridos
sentava-se no jardim, colhia pétalas de girassol
dançava com as estrelas
e brincava com o sol.
A menina dos cabelos compridos
tinha bonecas de sonho
construía casas de sonho
e os seus sonhos
eram um sonho.
A menina dos cabelos compridos
banhava-se na água do mar
sorria para os peixinhos
e comia frutos do pomar.
A menina dos cabelos compridos
escalava montanhas invisíveis
contemplava o horizonte
e fazia gelados com sabores incríveis.
A menina dos cabelos compridos
não sabia que iria crescer
tornar-se adulta
e depois morrer.
A menina dos cabelos compridos
lia histórias de encantar
sonhava com o cavaleiro andante
e atravessava oceanos a voar.
A menina dos cabelos compridos
tinha uma flauta de pã
tocava melodias com imaginação
que lhe vinham directas do seu pequeno coração.
A menina dos cabelos compridos
deixou de ser menina
tornou-se mulher
vive num mundo de fantasia
e o seu beijo tem aroma a malmequer.
A menina dos cabelos compridos
começou a chorar
quer voltar a ser criança
A menina dos cabelos compridos
sentava-se no jardim, colhia pétalas de girassol
dançava com as estrelas
e brincava com o sol.
A menina dos cabelos compridos
tinha bonecas de sonho
construía casas de sonho
e os seus sonhos
eram um sonho.
A menina dos cabelos compridos
banhava-se na água do mar
sorria para os peixinhos
e comia frutos do pomar.
A menina dos cabelos compridos
escalava montanhas invisíveis
contemplava o horizonte
e fazia gelados com sabores incríveis.
A menina dos cabelos compridos
não sabia que iria crescer
tornar-se adulta
e depois morrer.
A menina dos cabelos compridos
lia histórias de encantar
sonhava com o cavaleiro andante
e atravessava oceanos a voar.
A menina dos cabelos compridos
tinha uma flauta de pã
tocava melodias com imaginação
que lhe vinham directas do seu pequeno coração.
A menina dos cabelos compridos
deixou de ser menina
tornou-se mulher
vive num mundo de fantasia
e o seu beijo tem aroma a malmequer.
A menina dos cabelos compridos
começou a chorar
quer voltar a ser criança
e para sempre brincar.
Melancoly
Noite de Saudade
A noite vem poisando devagar
Sobre a terra que inunda de amargura
E nem sequer a benção do luar
A quis tornar devidamente pura...
Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor, que é cheia de tortura...
E eu ouço a noite imensa a soluçar!
E eu ouço soluçar a Noite escura!
Porque és assim tão escura, assim tão triste?!
É que talvez, ó Noite, em ti existe
Uma saudade igual à que eu contenho!
Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó Noite!...ou de ninguém!...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!
Florbela Espanca
Alma Pintada
Alma Pintada
pincelada de
sombra e de vento
colorida de
raro desalento
nela habitam
flores de mágoa
de tisteza, e
de perdida pureza,
nela crescem
espinhos de amargura
de longínqua formosura
nela correm
lágrimas de saudade
que fogem da
eterna felicidade
nela chovem
nuvens de silêncio
que aguardam o
amanhecer para
de novo cobrirem
todo o meu ser.
Alma Pintada
pincelada de
sombra e de vento
colorida de
raro desalento
nela habitam
flores de mágoa
de tisteza, e
de perdida pureza,
nela crescem
espinhos de amargura
de longínqua formosura
nela correm
lágrimas de saudade
que fogem da
eterna felicidade
nela chovem
nuvens de silêncio
que aguardam o
amanhecer para
de novo cobrirem
todo o meu ser.
Melancoly
quinta-feira, outubro 20, 2005
Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Cecília Meireles
Pus o meu sonho num navio
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar,
-depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
Cecília Meireles
e o navio em cima do mar,
-depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
Cecília Meireles
Margarida Flor
Margarida Flor conduz gentilmente o seu tractor, percorre suavemente o caminho do Amor e respira subtilmente o aroma de cada cor...
Margarida Flor, é ela, simplesmente flor, que cheirinho, que perfume, que doçura de menina, gosta do campo e do ar livre, o seu desejo é viver...viver para contemplar a beleza da natureza, a qual, por brincadeira costuma por hábito chamar a sua rica fortaleza...
Melancoly
Margarida Flor conduz gentilmente o seu tractor, percorre suavemente o caminho do Amor e respira subtilmente o aroma de cada cor...
Margarida Flor, é ela, simplesmente flor, que cheirinho, que perfume, que doçura de menina, gosta do campo e do ar livre, o seu desejo é viver...viver para contemplar a beleza da natureza, a qual, por brincadeira costuma por hábito chamar a sua rica fortaleza...
Melancoly
Viemos devagar a caminhar pela rua que conduz à praia...fomos ver o mar, o maravilhoso mar...caminhamos por momentos, minutos, segundos...como amantes ou amigos, tanto faz, estavamos juntos...Não podia faltar o fantástico banho de espuma...momentos, minutos, segundos de ternura, amor, brincadeira, sorrisos, sorriso, intimidade, toque, paixão, e quem sabe talvez, momentos, minutos, segundos de pura ilusão...
Afinal o que é o Amor!!
Melancoly
Melancoly
quarta-feira, outubro 19, 2005
Poema
Faz-se luz pelo processo
de eliminação de sombras
Ora as sombras existem
as sombras têm exaustiva vida própria
não dum e doutro lado da luz mas do próprio seio dela
intensamente amantes loucamente amadas
e espalham pelo chão braços de luz cinzenta
que se introduzem pelo bico nos olhos do homem
Por outro lado a sombra dita a luz
não ilumina realmente os objectos
os objectos vivem ás escuras
numa perpétua aurora surrealista
com a qual não podemos contactar
senão como amantes
de olhos fechados
e lâmpadas nos dedos e na boca.
Faz-se luz pelo processo
de eliminação de sombras
Ora as sombras existem
as sombras têm exaustiva vida própria
não dum e doutro lado da luz mas do próprio seio dela
intensamente amantes loucamente amadas
e espalham pelo chão braços de luz cinzenta
que se introduzem pelo bico nos olhos do homem
Por outro lado a sombra dita a luz
não ilumina realmente os objectos
os objectos vivem ás escuras
numa perpétua aurora surrealista
com a qual não podemos contactar
senão como amantes
de olhos fechados
e lâmpadas nos dedos e na boca.
Mário Cesariny
O dia hoje está completamente chuvoso, cinzento e triste. Cada pingo, cada lágrima, cada lágrima, cada pingo. Não tenho adjectivos, substantivos, nem nada acabado em "ivos" para descrever o meu estado de alma. Já não sei se estou triste ou alegre, já não o sei há muito...Há dias que venho a escrever que tenho de mudar, que tenho de procurar incessantemente um rumo...mas tudo continua na mesma. Os dias vão passando e eu com eles vou passando na incerteza. É mais confortável ficar imóvel no quentinho de uma casa acolhedora, a escutar silenciosamente a doce voz da Norah Jones. Não luto, não posso estar há espera que um milagre surga espontaneamente para colorir os meus dias.
Continuo com medo. Enquanto este fantasma dominar, não terei forças, nem energia para pausadamente seguir o meu caminho.
Continuo com medo. Enquanto este fantasma dominar, não terei forças, nem energia para pausadamente seguir o meu caminho.
Melancoly 05/05/04
A menina
Hoje a menina saiu do
seu castelo de algodão
deu alguns passos de cinderela
e de novo voltou para a sua solidão.
Olhou e observou
com cuidado e atenção
e por momemtos sentiu-se viva
e fugiu da ilusão.
Descobriu um visitante
dizem com modos estranhos
não avisa quando chega
o maroto, cuidado
quer fazer surpresa.
Percebeu, então a menina
que deve aceitar o tal visitante.
Apesar de inesperado,
Por favor, recebe-o de bom grado.
Parece absurdo, loucura ou desespero,
mas sempre é uma solução
para quem vive com medo.
Melancoly
Hoje a menina saiu do
seu castelo de algodão
deu alguns passos de cinderela
e de novo voltou para a sua solidão.
Olhou e observou
com cuidado e atenção
e por momemtos sentiu-se viva
e fugiu da ilusão.
Descobriu um visitante
dizem com modos estranhos
não avisa quando chega
o maroto, cuidado
quer fazer surpresa.
Percebeu, então a menina
que deve aceitar o tal visitante.
Apesar de inesperado,
Por favor, recebe-o de bom grado.
Parece absurdo, loucura ou desespero,
mas sempre é uma solução
para quem vive com medo.
Melancoly
A menina assustadiça
A menina assustadiça
Olha o mundo pela janela
e as lágrimas que derrama
têm tons de aguarela.
Também quer participar
na brincadeira lá de fora
quer sorrir e quer sonhar
também quer ir ver o mar.
Mas não pode a menina
um passo libertar
pois logo o seu corpo a faz lembrar
que algo misterioso terá de confessar.
E assim vive a menina
presa no seu castelo
na esperança que um dia
possa voltar a viver num mundo belo.
Melancoly
A menina assustadiça
Olha o mundo pela janela
e as lágrimas que derrama
têm tons de aguarela.
Também quer participar
na brincadeira lá de fora
quer sorrir e quer sonhar
também quer ir ver o mar.
Mas não pode a menina
um passo libertar
pois logo o seu corpo a faz lembrar
que algo misterioso terá de confessar.
E assim vive a menina
presa no seu castelo
na esperança que um dia
possa voltar a viver num mundo belo.
Melancoly
" E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não metas por uma ao acaso, senta-te e espera.
Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração.
Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração.
Quando ele te falar, levanta-te, e vai para onde ele te levar."
Sussana Tamaro
Sussana Tamaro
terça-feira, outubro 18, 2005
Nem tudo é bolor no Outono,
tem muito mais calor humano.
Quando a garoa dá uma pausa
o céu tem um azul mais profundo.
Floresce o Amor-perfeito
seu aroma invade a cidade
E as mulheres menos nuas,
atiçam a imaginação masculina...
Depois entre um trago de conhaque
e um bom jazz ao fundo,
fazer amor é muito mais gostoso
Os corpos por prazer...transpiram
Nem tudo é bolor no Outono
nas noites não se houve as cigarras
mas escuta-se a poesia do silêncio
depois de um trago de conhaque.
tem muito mais calor humano.
Quando a garoa dá uma pausa
o céu tem um azul mais profundo.
Floresce o Amor-perfeito
seu aroma invade a cidade
E as mulheres menos nuas,
atiçam a imaginação masculina...
Depois entre um trago de conhaque
e um bom jazz ao fundo,
fazer amor é muito mais gostoso
Os corpos por prazer...transpiram
Nem tudo é bolor no Outono
nas noites não se houve as cigarras
mas escuta-se a poesia do silêncio
depois de um trago de conhaque.
Andrea Motta
Mesa dos Sonhos
Ao lado do homem vou crescendo
Defendo-me da morte quando dou
Meu corpo ao seu desejo violento
E lhe devoro o corpo lentamente
Mesa dos sonhos no meu corpo vivem
Todas as formas e começam
Todas as vidas
Ao lado do homem vou crescendo
E defendo-me da morte povoando
de novos sonhos a vida.
Ao lado do homem vou crescendo
Defendo-me da morte quando dou
Meu corpo ao seu desejo violento
E lhe devoro o corpo lentamente
Mesa dos sonhos no meu corpo vivem
Todas as formas e começam
Todas as vidas
Ao lado do homem vou crescendo
E defendo-me da morte povoando
de novos sonhos a vida.
Alexandre O`Neill
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