quinta-feira, dezembro 17, 2009




Pedes-me um tempo,
para balanço de vida.
Mas eu sou de letras,
não me sei dividir.
Para mim um balanço
é mesmo balançar,
balançar até dar balanço
e sair..

Pedes-me um sonho,
para fazer de chão.
Mas eu desses não tenho,
só dos de voar.

Agarras a minha mão
com a tua mão
e prendes-me a dizer
que me estás a salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer,
mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e não ter
nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração...

quinta-feira, dezembro 10, 2009





lembra-te

Lembra-te
que todos os momentos
que nos coroaram
todas as estradas
radiosas que abrimos
irão achando sem fim
seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
senão o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos


Mário Cesariny

terça-feira, dezembro 08, 2009



If I had to lose a mile
If I had to touch feelings
I would lose my soul
The way I do

I don't have to think
I only have to do it
The results are always perfect
But that's old news

Would you like to hear my voice
Sweetened with emotion
Invented at your birth?

I can't see the end of me
My whole expanse I cannot see
I formulate infinity
And store it deep inside of me

segunda-feira, dezembro 07, 2009




Não sei que diga.

E a quem o dizer?

Não sei que pense.

Nada jamais soube.



Nem de mim, nem dos outros.

Nem do tempo, do céu e da terra, das coisas...

Seja do que for ou do que fosse.

Não sei que diga, não sei que pense.



Oiço os ralos queixosos, arrastados.

Ralos serão?

Horas da noite.

Noite começada ou adiantada, noite.

Como é bonito escrever!



Com este longo aparo, bonitas as letras e o gesto - o jeito.

Ao acaso, sem âncora, vago no tempo.

No tempo vago...

Ele vago e eu sem amparo.

Piam pássaros, trespassam o luto do espaço, este sereno luto das

horas. Mortas!



E por mais não ter que relatar me cerro.

Expressão antiga, epistolar: me cerro.

Tão grato é o velho, inopinado e novo.

Me cerro!



Assim: uma das mãos no papel, dedos fincados,

solta a outra, de pena expectante.

Uma que agarra, a outra que espera...

Ó ilusão!

E tudo acabou, acaba.

Para quê a busca das coisas novas, à toa e à roda?



Silêncio.

Nem pássaros já, noite morta.

Me cerro.

Ó minha derradeira composição! Do não, do nem, do nada, da ausência e

solidão.



Da indiferença.

Quero eu que o seja! da indiferença ilimitada.

Noite vasta e contínua, caminha, caminha.

Alonga-te.

A ribeira acordou.


Irene Lisboa em "Jeito de Escrever"

sexta-feira, dezembro 04, 2009




"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!


José Régio


quinta-feira, dezembro 03, 2009




Cuando tus manos salen,
amor, hacia las mías,
qué me traen volando?
Por qué se detuvieron
en mi boca, de pronto,
por qué las reconozco
como si entonces, antes,
las hubiera tocado,
como si antes de ser
hubieran recorrido
mi frente, mi cintura?

Su suavidad venía
volando sobre el tiempo,
sobre el mar, sobre el humo,
sobre la primavera,
y cuando tú pusiste
tus manos en mi pecho,
reconocí esas alas
de paloma dorada,
reconocí esa greda
y ese color de trigo.

Los años de mi vida
yo caminé buscándolas.
Subí las escaleras,
crucé los arrecifes,
me llevaron los trenes,
las aguas me trajeron,
y en la piel de las uvas
me pareció tocarte.
La madera de pronto
me trajo tu contacto,
la almendra me anunciaba
tu suavidad secreta,
hasta que se cerraron
tus manos en mi pecho
y allí como dos alas
terminaron su viaje.

Autor: Pablo Neruda


Sempre é bom celebrar o amor: o eterno, o efémero, o que já passou e enegreceu ou o que está para chegar.

quarta-feira, dezembro 02, 2009



A vida é mesmo assim instável, inconstante e imprevisível.

terça-feira, dezembro 01, 2009




Um dia a gente acorda e senta na cama
E a vida passa toda como no cinema
Imagens desconexas, outras nem tanto
E vem a inspiração para os poemas
São dias em que só há melancolia
Lembranças de um passado já distante
Que insiste em nos lembrar o que esquecemos
Porta-retratos expostos na estante
A paixão que nos tirou da seriedade
A traição que nos fizeram por maldade
Histórias que fizeram nossa história
E que nem sempre moram na saudade
Então escrever é o que eu faço
Tentando me livrar desses fantasmas
Me viro do avesso na poesia
E nascem estes poemas cabisbaixos

segunda-feira, novembro 16, 2009




Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do Mar.

Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, novembro 09, 2009




Prelude To a Kiss


Sometimes I feel like I don’t belong anywhere
And it’s gonna take so long for me to get somewhere
Sometimes I feel so heavy hearted
But I can’t explain 'cause I’m so guarded

But that’s a lonely road to travel
And a heavy load to bear
And it’s a long, long way to heaven
But I gotta get there

Can you send an angel?
Can you send me an angel to guide me?

sábado, novembro 07, 2009




Vida Tão Estranha

São de veludo as palavras
Daquele que finge que ama
Ao desengano levo a vida
A sorte a mim já não me chama

Vida tão só
Vida tão estranha
Meu coração tão mal tratado
Já nem chorar me traz consolo
Resta-me só o triste fado

A gente vive na mentira
Já nem dá conta do que sente
Antes sozinha toda a vida
Que ter um coração que mente

Rodrigo Leão

quinta-feira, novembro 05, 2009





Na luz, o mar é espuma
Alegria no Sol intenso
À noite, é coisa nenhuma
Só voz no escuro imenso!
Cresce então o Farol
Astro de quem navega
O outro lado do sol
O conforto de quem chega!
Com a cor em rodopio
O clarão cresce no escuro...
É o leme do navio
Corda em porto seguro!
O Farol é um amigo
Com quem se pode contar
É abraço, é abrigo
Na liberdade do mar!

António Castro

segunda-feira, novembro 02, 2009





So every time you hold me
Hold me like this is the last time
Every time you kiss me
Kiss me like you'll never see me again
Every time you touch me
Touch me like this is the last time
Promise that you'll love me
Love me like you'll never see me again

sábado, outubro 31, 2009





Amar com todo o amor que há no peito.
Sentir ferver o sangue de emoção.
E ver esse sorriso tão perfeito,
Que sempre faz tão bem ao coração.
Saber que serás sempre a Joaninha
A saltitar nas flores do meu jardim.
Amor de irmã nenhuma adivinha,
Tudo aquilo que tu és para mim!


Paula Correia

terça-feira, outubro 27, 2009





Que nenhuma estrela queime o teu perfil

Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.


Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, outubro 26, 2009




Somos dois...Somos um só...
Á nossa volta não existe nada...
Somente pegadas na areia...
E um futuro de mar à nossa frente...

domingo, outubro 11, 2009




Não sou Nada...
Dentro de mim só sinto o Vazio...
Vazio...
Vazio...
Acordo...volto a morrer...

quinta-feira, outubro 01, 2009




We close our eyes and the world has turned around again
We close our eyes and dream and another year has come and gone
We close our eyes and the world has turned around again
We close our eyes and dream ...

terça-feira, setembro 29, 2009




I don't have to tell you that you're all alone
Hear what you will, you're not gone
You'll have to be with your kind
I'll have to stay with my own kind
Help me lift you up, help me lift you uIp

So sorry if I can't stop pretending
So sorry if I don't let you go
Like this, but not like this is ending
I think you know, I think you know
Help me lift you up, help me lift you up

I have a dream, it's very clear
You're all around, but never near
Help me lift you up, help me lift you up



Help Me Lift You Up
This Mortal Coil

sábado, setembro 26, 2009




when I woke up today
and you weren't there to play
then I wanted to be with you
when you showed me your eyes
whispered love at the skies
then I wanted to stay with you

inside me I feel alone and unreal
and the way you kiss will always be a very special thing to me

when I lay still at night
seeing stars high and light
then I wanted to be with you
when the rooftops shone dark
all alone saw a spark
spark of love just to stay with you

inside me I feel, alone and unreal
and the way you kiss will always be a very special thing to me

if I mention your name
turn around on a chain
then the sky opens up for you
when we grew very tall
when I saw you so small
then I wanted to stay with you

inside me I feel, alone and unreal
and the way you kiss will always be a very special thing to me

inside me I feel, alone and unreal
and the way you kiss will always be a very special thing to me


Late Night
This Mortal Coil


quinta-feira, setembro 24, 2009





O medo é como um dragão, fantástico em seu poder de destruição e mágico pelos segredos e lendas que o rodeiam. Ele é paralisante, quando permitimos, alimentando nosso presente com as decepções do passado.

Há vários tipos de medo, mas este em especial impede a criação de vínculos reais entre duas pessoas e uma entrega autêntica na relação.

Este medo faz do compartilhar a vida e a intimidade com alguém algo por demais temido.

Na realidade, acredito que por trás do medo de amar está o medo maior de sofrer, de ser rejeitado em algum momento, de ser abandonado, ou seja, por medo de não sermos amados não amamos!

Mas, será que vale a pena esta couraça? Será que vale a pena não montar um cavalo e sentir as emoções do passeio? Será que vale a pena se prender ao medo de encontrar o dragão da rejeição?

A vida será sempre um risco e nela encontraremos e perderemos. Não há como evitar. Se é assim, por que não viver disponível para amar, mesmo que sofrimentos tenhamos tido no passado?

Com certeza, o que se viveu está em nossa bagagem e já não somos tão inocentes, ou pelo menos, não o deveríamos ser.

Assim como dragões habitam o mundo do imaginário, o medo de que poderemos sofrer, se ousarmos ficar disponíveis para amar, também é uma fantasia, já que pertence a um futuro.

terça-feira, setembro 22, 2009






Inicial

O dia não é hora por hora.
É dor por dor,
o tempo não se dobra,
não se gasta,
mar, diz o mar,
sem trégua,
terra, diz a terra,
o homem espera.
E só
seu sino
está ali entre os outros
guardando em seu vazio
um silêncio implacável
que se repartirá
quando levante sua língua de metal
onda após onda.

De tantas coisas que tive,
andando de joelhos pelo mundo,
aqui, despido,
não tenho mais que o duro meio-dia
do mar, e um sino.

Eles me dão sua voz para sofrer
e sua advertência para deter-me.
Isto acontece para todo o mundo,
continua o espaço.

E vive o mar.

Existem os sinos.

sábado, setembro 19, 2009






Gosto do Amanhecer...
Gosto do Sol lentamente a aparecer...
Gosto do frio da manhã e principalmente gosto do cheiro inigualável da frescura matinal...
Gosto de me envolver nesse ambiente místico de me sentar, relaxar e meditar...
Gosto de receber beijinhos dos meus cães e adoro quando eles se sentam ao meu lado também qui ça a meditar :) ou à espera de um biscoito ;)...
Amo incondicionalmente a Natureza...

sexta-feira, setembro 18, 2009





Boa Sorte!
Para onde quer que vás,
que na terra onde estiveres não haja tragédias.
Que as mulheres, as crianças
e os homens te acolham bem.
Que possas estar rodeado pela beleza
das árvores e das flores.
Que possas conhecer gente boa e honesta.
Que sejas feliz e tenhas paz.


Amo-te Muito Fratello :))

quarta-feira, setembro 16, 2009





A sombra que vem depois do sol
É habitada
É uma sombra feliz
A sombra que sucede à luz mui forte
É grávida de cor afirmativa
Estabiliza os caudais
Da imaginação
Pinta seus recantos obscuros
Reconcilia tudo.

Alberto de Lacerda

sexta-feira, setembro 11, 2009






No lugar dos palácios desertos e em ruínas
À beira mar,
Leiamos, sorrindo, os segredos das sinas
De quem sabe amar.

Qualquer que ele seja, o destino daqueles
Que o amor levou
Para a sombra, ou na luz se fez a sombra deles,
Qualquer fosse o voo.

Por certo eles foram mais reais e felizes.


Fernando Pessoa
"Poesias de Álvaro de Campos"

segunda-feira, agosto 17, 2009





"What are little girls made of? Sugar and spice and all things nice, that is what little girls are made of."

sábado, fevereiro 14, 2009


Nunca houve uma noite, ou um problema que pudesse derrotar o nascer do sol ou a esperança.


Bern Williams

sexta-feira, fevereiro 13, 2009


As Máscaras Do Destino


A Meu Irmão, Ao Meu Querido Morto


Quando há oito anos traçava com orgulho e ternura, na primeira página do meu primeiro livro, onde encerrava os sonhos da minha dolorosa mocidade, estas palavras de oferta: À querida alma irmã da minha, ao meu Irmão, que voz de agoiro, que voz de profecia teria segredado aos meus ouvidos surdos, à minha alma fechada às vozes que se não ouvem, estas palavras de pavor. Aquele que é igual a ti, de alma igual à tua, que é o melhor do teu orgulho e da tua fé, que é alto para te fazer erguer os olhos, moço para que a tua mocidade não trema de o ver partir um dia, bom e meigo para que vivas na ilusão bendita de teres um filho, forte e belo para te obrigar a encarar sorrindo as coisas vis e feias deste mundo, Aquele que é a parte de ti mesma que se realiza, Aquele que das mesmas entranhas foi nascido, que ao calor do mesmo amplexo foi gerado, Aquele que traz no rosto as linhas do teu rosto, nos olhos a água clara dos teus olhos, o teu Amigo, o teu Irmão, será em breve apenas uma sombra na tua sombra, uma onda a mais no meio doutras ondas, menos que um punhado de cinzas no côncavo das tuas mãos?!...
Que voz de agoiro, que voz de profecia teria segredado aos meus ouvidos estas palavras de pavor?!
Ah, a miséria dos nossos ouvidos surdos, das nossas almas fechadas! Les morts vont vite...Não é verdade! Não é verdade! Os mortos são na vida os nossos vivos, andam pelos nossos passos, trazemo-los ao colo pela vida fora e só morrem connosco. Mas eu não queria, não queria que o meu morto morresse comigo, não queria! E escrevi estas páginas...
Este livro é o livro de um Morto, este livro é o livro do meu Morto. Tudo quanto nele vibra de subtil e profundo, tudo quanto nele é alado, tudo que nas suas páginas é luminosa e exaltante emoção, todo o sonho que lá lhe pus, toda a espiritualidade de que o enchi, a beleza dolorosa que, pobrezinho e humilde, o eleva acima de tudo, as almas que criei e que dentro dele são gritos e soluços e amor, tudo é d`Ele, tudo é do meu Morto!
A sua sombra debruçou-se sobre o meu ombro, no silêncio das tardes e das noites, quando a minha cabeça se inclinava sobre o que escrevia; com a claridade dos seus olhos límpidos como nascentes de montanha, seguiu o esvoaçar da pena sobre o papel branco; com o seu sorriso um pouco doloroso, um pouco distraído, um pouco infantil, sublinhou a emoção da ideia, o ritmo da frase, a profundeza do pensamento.
Bastar-me-ia voltar a cabeça para o ver...
Este livro é dum Morto, este livro é do meu Morto. Que os vivos passem adiante...



Florbela Espanca in Máscaras Do Destino





quinta-feira, janeiro 15, 2009



Quero

Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao dizer: Eu te amo,
dementes
apagas
teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.

No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amaste antes.

Se não me disseres urgente repetido
Eu te amo amo amo amo amo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.



Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, janeiro 13, 2009


"(...) O passado é um caderno de muitas folhas, onde anotamos a vida com uma tinta que muda consoante o estado de espírito."


Isabel Allende in Zorro O Começo da Lenda

segunda-feira, janeiro 12, 2009


Do you really believe that love will keep you from getting hurt? V

quarta-feira, janeiro 07, 2009

" Que é feito das minhas mãos? Que é feito dos meus ossos? Onde está a minha carne ainda quente? Em que lugar abandonaram as minhas entranhas? Onde foi que enterraram os meus olhos? Onde? A minha voz tornou-se pássaro. A asma, em que vereda ficou? Quem terá a minha espingarda? Quem terá as minhas sandálias que o Ñato me fez? Dei o meu cachimbo a um soldado. Onde estão as balas que me cravaram? Quem guarda, uma a uma, as folhas dos meus diários? E quem conserva a minha mochila? E por fim, que é feito dos nossos sonhos? Não passaram de devaneios? Que será feito da revolução? "


Ernesto De la Serna Che Guevara

Os Últimos Dias de Che
Paixão e Morte de um Herói