sexta-feira, junho 29, 2007

Estas letras são as aranhas inesgotáveis
do sonho. Vejo-as tecerem a teia onde entro,
e me deixo apanhar pelas leis do verso. Como
se entre mim e elas não estivessem as flores,
com as suas pétalas seguras pelo fio
que se soltou da primavera. Às vezes, queria
deixar estas páginas, e entrar pela porta
da vida; mas sei que continua fechada,
atrás de mim, enquanto não chego ao fim
do livro. Como se o fim não fosse o princípio,
e tudo recomeçasse, na teia do poema.

segunda-feira, junho 25, 2007


Quão Belo pode ser
um Dia, Quando
a Gentileza o Toca...

sexta-feira, junho 22, 2007


Do you really believe that love will keep you from getting hurt?III

The Space Between

quinta-feira, junho 21, 2007

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

Quando uma pessoa faz
uma boa acção, que não era
Obrigada a fazer, Deus olha cá
para baixo, sorri e diz:
"Só por este momento
valeu a pena criar o mundo."

quarta-feira, junho 20, 2007


Nalgum lugar perdido
vou procurar sempre por ti
há sempre no escuro um brilho
um luar
nalgum lugar esquecido
eu vou esperar sempre por ti

terça-feira, junho 19, 2007


Há um mágico
Que não cabe nas tuas mãos,
Trá-lo no peito
Com a força do trovão.
E cada passo
É mais distante do que o que vês,
Talvez bastante,
Talvez discreto
Para mostrar quem tu és.

domingo, junho 17, 2007


Resigno-me às minhas faltas… à solidão que eu própria criei! A minha última oportunidade passou e eu não consegui chegar a tempo! A solidão é um misto de tristeza, raiva, ódio e muita angústia! Quando pisei esta praia, já não era a pessoa que um dia fui lá trás… e era isso que te queria mostrar! Mas não posso obrigar-te a confiares… fui eu que um dia, com a minha cobardia, decidi, matar a tua confiança! Exigir? Não! Não te quero impor nada… magoa?! Muito… Mea culpa!

No dia em que cá cheguei, que te vi ao longe… senti que quando gritei… um passo teu se prendeu na incerteza! Mas tu continuaste…


Quem dera pudesse dissolver a minha alma na chuva

Ser certa como são as gotas

Ser muitas

Não ser só

Ser sem pensar

Ser sem precisar doer

Quem me dera pudesse

Só por um segundo

Só hoje

Dissolver a alma na chuva!

sábado, junho 16, 2007

Indescribable, uncontainable,
You placed the stars in the sky and You know them by name
You are amazing God
All powerful, untameable,
Awestruck we fall to our knees as we humbly proclaim
You are amazing God
You are amazing God

sexta-feira, junho 15, 2007


Help, I have done it again
I have been here many times before
Hurt myself again today
And, the worst part is there's no-one else to blame

Be my friend
Hold me, wrap me up
Unfold me
I am small
I'm needy
Warm me up
And breathe me

Ouch I have lost myself again
Lost myself and I am nowhere to be found,
Yeah I think that I might break
I've lost myself again and I feel unsafe

quinta-feira, junho 14, 2007


Ver-te é como ter á minha frente todo o tempo
é tudo serem para mim estradas largas
estradas onde passa o sol poente
é o tempo parar e eu próprio duvidar mas sem pensar
se o tempo existe se existiu alguma vez
e nem mesmo meço a devastação do meu passado

Ruy Belo

quarta-feira, junho 13, 2007


chuva

hoje chove muito, muito,
e parece que estão lavando o mundo.
meu vizinho do lado contempla a chuva
e pensa em escrever uma carta de amor
uma carta à mulher que vive com ele
e cozinha para ele e lava a roupa para ele e faz amor com ele
e parece sua sombra
meu vizinho nunca diz palavras de amor à mulher
entra em casa pela janela e não pela porta
por uma porta se entra em muitos lugares
no trabalho, no quartel, no cárcere,
em todos os edifícios do mundo
mas não no mundo
nem numa mulher, nem na alma
quer dizer, nessa caixa ou nave ou chuva que chamamos assim
como hoje que chove muito
e me custa escrever a palavra amor
porque o amor é uma coisa e a palavra amor é outra coisa
e somente a alma sabe onde os dois se encontram
e quando e como
mas o que pode a alma explicar?
por isso meu vizinho tem tormentas na boca
palavras que naufragam
palavras que não sabem que há sol porque nascem e morrem na mesma noite em que amou
e deixam cartas no pensamento que ele nunca escreverá
como o silêncio que há entre duas rosas
ou como eu, que escrevo palavras para voltar
ao meu vizinho que contempla a chuva,
à chuva
ao meu coração desterrado.


Juan Gelman