sexta-feira, janeiro 27, 2006

Olá, eu sou o Manelito!

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Duas Pessoas...

- Sabem quantas pessoas tem havido desde o princípio do mundo até hoje?
- Duas. Desde o princípio do mundo até hoje, não houve mais do que duas pessoas: uma chama-se humanidade e a outra o indivíduo. Uma é toda a gente e a outra uma pessoa só.
Um dia perguntaram a Demócrito como tinha chegado a saber tantas coisas.
Respondeu: Perguntei tudo a toda a gente.
Bastantes séculos mais tarde, Goethe confessou por sua própria boca que "se lhe tirassem tudo quanto pertencia aos outros, ficava com muito pouco ou nada".
Por aqui se vê que cada um é o resultado de toda a gente; o que de maneira nenhuma quererá dizer que seja o bastante ter cada qual conhecido toda a gente para que resulte imediatamente um Demócrito ou um Goethe! Precisamente o difícil não é chegar aos Grandes, mas a si próprio!... Ser próprio é uma arte onde existe toda a gente e em que raros assinaram a obra-prima.
O que está fora de dúvida é que cada um deve ser como toda a gente, mas de maneira que a humanidade tenha efectivamente um belo representante em cada um de Nós.

José Sobral de Almada-Negreiros

terça-feira, janeiro 17, 2006


Luís Bernardo era o segundo homem da sua vida. Estava casada há oito anos, nunca conhecera outro homem e nunca pensava vir a conhecer. Luís Bernardo era o segundo homem que a beijava, que a despia, que lhe percorria o corpo todo com as mãos e com a boca, o segundo homem que ela via nu, cujo o corpo tocava, primeiro envergonhadamente, depois possessivamente, como se quisesse decorá-lo para sempre. Deitada de costas na cama, deu consigo estupidamente concentrada nas flores de papel de parede do quarto, na cor das portadas da janela, no desenho do toucador onde os objectos de toilette familiares lhe lembraram de repente que era ela que estava ali, apesar de lhe parecer impossível que fosse ela que se entregava nua, que gemia de prazer para dentro, que abria sem querer as pernas para que um homem que não era o seu entrasse dentro de si. Sentiu-se perdida de si mesma, à deriva, caindo dentro de um poço sem fundo, ela era o poço e aquele homem tocou no fundo, tudo era húmido, tudo era líquido e tudo acabava nos seus olhos rasos de lágrimas e na dor funda com que lhe cravou as unhas nas costas, com que o agarrou pelos cabelos e gritou baixinho, como se ele pudesse salvá-la:
- Luís Bernardo! Luís Bernardo!

Miguel Sousa Tavares in Equador

domingo, janeiro 15, 2006


Picos da Europa

segunda-feira, janeiro 09, 2006