sábado, maio 03, 2008

O lenço que me ofertaste
Tinha um coração no meio
Quando ao nosso amor faltaste
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o.
Ainda me lembro esse lenço
Vindo do teu seio túmido
Escondi-o ainda húmido
Num peito de fogo intenso
E se acaso, hoje penso
No qual infantil receio,
Muito orgulhosamente ardendo
Lamento a minha loucura
Porque esse lenço o perjura
Tinha um coração no meio
Esse coração bordado
Por triste sina era o meu
E por isso ele morreu
Quando o lenço foi rasgado
Foi-se a chama do passado
Pois em cinzas sepultaste
Este amor que atraiçoaste
O que serve a dor incalma
Vesti de luto a minh'alma
Quando ao nosso amor faltaste
Beijos, sorrisos e afagos
Me deste hei-de esquecê-los
Pois os teus doces desvelos
Com meus beijos foram pagos
Teus olhos eram dois lagos
Lascivo era o teu seio
Foi tudo efémero enleio
Breve e fugaz ilusão
Magoaste-me o coração
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o


O Lenço de Henrique Rêgo