sexta-feira, outubro 21, 2005


Noite de Saudade

A noite vem poisando devagar
Sobre a terra que inunda de amargura
E nem sequer a benção do luar
A quis tornar devidamente pura...

Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor, que é cheia de tortura...
E eu ouço a noite imensa a soluçar!
E eu ouço soluçar a Noite escura!

Porque és assim tão escura, assim tão triste?!
É que talvez, ó Noite, em ti existe
Uma saudade igual à que eu contenho!

Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó Noite!...ou de ninguém!...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!

Florbela Espanca

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