quinta-feira, março 09, 2006


" (...) De repente deixamos de ser actores e passamos a espectadores da peça. Ou antes, somos ambas as coisas. Observamo-nos, e todo o encanto do espectáculo nos arrebata. No caso presente, o que é que realmente aconteceu? Alguém matou por amor de ti. Quem me dera alguma vez ter vivido uma experiência semelhante. Ter-me-ia apaixonado pelo amor para o resto da minha vida. As pessoas que me adoraram... não houve assim muitas, mas houve algumas... insistiram sempre em continuar vivas muito depois de eu ter deixado de me interessar por elas, ou elas de se interessarem por mim. Ficam gordas e enfadonhas e sempre que as encontro repescam todas as lembranças. A terrível memória de uma mulher! Que coisa medonha. E que incrível estagnação intelectual revela! Devemos absorver a cor da vida, mas não devíamos nunca recordar os seus pormenores. Os pormenores são sempre ordinários. (...)"

Oscar Wilde in O Retrato de Dorian Gray

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