terça-feira, fevereiro 28, 2006


Soneto Para Um Rapaz Só

Com um carvão escreve nas paredes
palavras gordurosas, insensatas.
Vingança de quem tem moinhos verdes
no corpo gotejante de cascata.

Promessa de homem igualado às redes
que amolecem nas grutas afogadas,
menino afronta, enrolado às sedes
que molestam as fontes mutiladas.

É a raiz dum grito na cidade
onde ninguém pergunta se é criança,
se tem fome, ou tem frio, ou tem idade
para aceitar o círculo das penas.

Pouco lhe resta. Nem o sol alcança.
E agride com palavras, das obscenas.

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