terça-feira, fevereiro 14, 2006

A palavra

Pomo gerado entre a pedra e a abelha
do pólen do silêncio.

Um súbito desejo te desperta
luz viva em fibras de coragem.

Ardes em labaredas sobre a mesa
onde desperto te incendeio.

Forma exacta cintilas pululando
na memória. Ó ar! Ó espiga!

E passáro e flecha sobre mim revoas.
Que mão resiste? Que bosque?

Como um cão caminhas no meu rosto
e a mão segue os teus passos, verdadeira.

Em cachos perduras na memória
de todas as coisas vivas. Silenciosa.

Pétala de luz, interminável rosa
surges nos meus dedos mágica de sons.

Abre-te, flor de pedra, na doçura
deste néctar. Diligente abelha.

Zumbe, ó infinita, sobre a página.
O teu segredo é a chave do universo.

Joaquim Pessoa, Poemas

Sem comentários: