A Nuvem e o Caracol
Era uma vez uma nuvem. Era uma vez um caracol. A nuvem andava lá no alto, a espreguiçar-se muito vagarosa, muito preguiçosa. O caracol andava cá por baixo, a correr muito devagarinho, muito devagarinho, porque não sabia correr mais depressa. Andava à sua vida o caracol.
Lá no alto, a nuvem, porque não tinha nada que fazer, bocejava:
- Ah, que dia pasmado este!
Cá em baixo, o caracol, que tinha imensos quefazeres, murmurava:
- Ah, que dia tão atarefado este!
Mas, afinal, era apenas um lindo dia, um lindo dia de sol.
Para se entreter, a nuvem começou a brincar ao faz-de-conta.
Como não havia mais nuvens, tinha de brincar sozinha.
- Faz de conta que sou um cavalo - e um cavalo-nuvem desenhava-se no céu.
- Agora, faz de conta que sou um palhaço - e a cara de um palhaço, feito de nuvem, recortava-se no azul do céu.
- Agora sou uma casa - e uma casa-nuvem aparecia no céu.
Entretinha-se assim.
Mas, quando, a certa altura, se alongou e espreguiçou mais e mais, a fazer de conta que era um comboio de mercadorias, a nuvem tapou o sol. O dia escureceu.
Cá em baixo, o caracol, que andava à sua vida, suspirou, aborrecido:
- Esta nuvem só faz disparates. É o que sucede a quem não tem nada que fazer.
Parece que ela, a nuvem, lá em cima, o ouviu, porque, passado tempo, escureceu de triste que estava e começou a choramingar sobre a terra. Foram umas gotinhas poucas, uns chuviscos - que ela também era pequenina - mas bastaram para pôr a reluzir as folhas e as ervas por onde o caracol andava à sua vida. Quando se foi a chuva, e o sol voltou a aparecer, o caracol, que entretanto se abrigara na sua casa, deitou os pauzinhos para fora e disse, muito satisfeito:
- Assim, sim!
Virou então a cabeça para o céu, para agradecer à nuvem, mas já ela tinha desaparecido.
Lá no alto, a nuvem, porque não tinha nada que fazer, bocejava:
- Ah, que dia pasmado este!
Cá em baixo, o caracol, que tinha imensos quefazeres, murmurava:
- Ah, que dia tão atarefado este!
Mas, afinal, era apenas um lindo dia, um lindo dia de sol.
Para se entreter, a nuvem começou a brincar ao faz-de-conta.
Como não havia mais nuvens, tinha de brincar sozinha.
- Faz de conta que sou um cavalo - e um cavalo-nuvem desenhava-se no céu.
- Agora, faz de conta que sou um palhaço - e a cara de um palhaço, feito de nuvem, recortava-se no azul do céu.
- Agora sou uma casa - e uma casa-nuvem aparecia no céu.
Entretinha-se assim.
Mas, quando, a certa altura, se alongou e espreguiçou mais e mais, a fazer de conta que era um comboio de mercadorias, a nuvem tapou o sol. O dia escureceu.
Cá em baixo, o caracol, que andava à sua vida, suspirou, aborrecido:
- Esta nuvem só faz disparates. É o que sucede a quem não tem nada que fazer.
Parece que ela, a nuvem, lá em cima, o ouviu, porque, passado tempo, escureceu de triste que estava e começou a choramingar sobre a terra. Foram umas gotinhas poucas, uns chuviscos - que ela também era pequenina - mas bastaram para pôr a reluzir as folhas e as ervas por onde o caracol andava à sua vida. Quando se foi a chuva, e o sol voltou a aparecer, o caracol, que entretanto se abrigara na sua casa, deitou os pauzinhos para fora e disse, muito satisfeito:
- Assim, sim!
Virou então a cabeça para o céu, para agradecer à nuvem, mas já ela tinha desaparecido.
António Torrado
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