Triste velhice gasta pelo passar dos anos,
Tempo de solidão, de espera, de vazio
Abandono de quem não pensa ser um dia abandonado
Vazio de quem não possui mais nada, a não ser as rugas do corpo e da alma.
Olhos que já não vêem, ouvidos que não ouvem,
Contactos que se perderam com o mundo
E nós, julgando ver e ouvir, vamos sorrindo, complacentes,
Olhando os corpos, quais trapos amarrotados,
Que outrora foram fogo e chuva
E sementes e árvores de fruto.
Engano ingénuo e feliz o nosso!
Um dia seremos nós os trapos,
Rasgados e sujos,
Atirados para um canto,
Sem lugar em nenhuma casa, em nenhuma gaveta,
Sem recordações, sem chama,
Apenas uma amálgama de imagens perdidas
Sem cor e sem cheiro no nevoeiro do nosso pensamento.
Sós.
Anónimo
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