sexta-feira, janeiro 25, 2008

Triste velhice gasta pelo passar dos anos,
Tempo de solidão, de espera, de vazio
Abandono de quem não pensa ser um dia abandonado
Vazio de quem não possui mais nada, a não ser as rugas do corpo e da alma.
Olhos que já não vêem, ouvidos que não ouvem,
Contactos que se perderam com o mundo
E nós, julgando ver e ouvir, vamos sorrindo, complacentes,
Olhando os corpos, quais trapos amarrotados,
Que outrora foram fogo e chuva
E sementes e árvores de fruto.

Engano ingénuo e feliz o nosso!
Um dia seremos nós os trapos,
Rasgados e sujos,
Atirados para um canto,
Sem lugar em nenhuma casa, em nenhuma gaveta,
Sem recordações, sem chama,
Apenas uma amálgama de imagens perdidas
Sem cor e sem cheiro no nevoeiro do nosso pensamento.
Sós.



Anónimo

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